A posição adotada pelo vice-governador adiou o anúncio da renúncia do governador, discutida ontem à tarde
Em Limoeiro do Norte, hoje à noite, o governador Cid Gomes e o secretário de Saúde, Ciro Gomes, poderiam dizer se ficam ou saem do Governo para efeito de desincompatibilização, se conclusiva tivesse sido a longa conversa acontecida ontem, entre eles e os pretensos candidatos ao Governo pelo PROS. Hoje à noite haverá uma nova rodada de conversação, podendo a discussão acontecer até a sexta-feira.
A disposição de Cid é de sair, embora a candidatura de Ciro ao Senado não seja anunciada de imediato, assim como a de governador, tudo ficando para o fim do mês de maio ou mesmo nos dias que antecederem a convenção do partido, em junho.
Se for renunciar, o governador terá que fazer a comunicação oficial à Assembleia, até o fim da tarde de amanhã, para que o presidente do Poder Legislativo declare a vacância do cargo e, no sábado, dia 5, todos estejam, realmente, desimpedidos à luz da Justiça Eleitoral.
Ontem, o governador Cid Gomes cancelou sua agenda oficial, no início da tarde, para um encontro com Ciro Gomes, no Palácio da Abolição, a pedido de Ciro, logo depois do meio dia. Não era um despacho entre governador e secretário de Saúde, cargo que este ocupa no Governo, razão de ter causado surpresa a auxiliares mais próximo do governador a inesperada reunião.
Vice
Como o Diário do Nordeste noticiou, no domingo, dia 23 de março, Cid anunciou que se desincompatibilizaria, na próxima sexta-feira, se Ciro, seu irmão, decidisse disputar a vaga de senador, nas eleições deste ano.
Depois de pouco mais de uma hora de conversa entre os dois, foram chamados ao gabinete do governador o presidente da Assembleia, deputado José Albuquerque, o vice-governador Domingos Filho, o deputado estadual Mauro Filho e o ex-ministro Leônidas Cristino, todos relacionados como pré-candidatos ao Governo pelo PROS.
Leônidas, por sinal, já era considerado fora do páreo na disputa de cargo majoritário tanto que o próprio governador estava tratando de consolidar alguns colégios eleitorais para garantir a sua eleição de deputado federal. A rodada de conversa deles só foi desfeita pouco depois das 16 horas, sem conclusão, daí ficou marcado uma nova rodada de conversação para esta noite, quando todos voltarem do evento de Limoeiro do Norte.
Todos evitaram contatos com a imprensa após o encontro da tarde de ontem, mas surgiram comentários de que a decisão do vice-governador de ficar no Governo, mesmo para somente concluir o mandato, foi a razão de ter sido adiada a decisão de renúncia do governador.
Embora Ciro insista em dizer não estar interessado em disputar mandato no pleito de outubro próximo, aumentaram, nas últimas horas, as pressões de amigos e familiares, no sentido de que ele vá pleitear a vaga de senador para, além de continuar participando da política nacional, facilitar a disputa sucessória estadual.
Como secretário, para poder ficar à disposição do partido e ter o seu nome homologado na convenção, ele terá que deixar o cargo até o fim da tarde de amanhã, além, também, da saída do governador do cargo, na mesma oportunidade.
Cid Gomes, no Governo, segundo a legislação eleitoral, torna inelegível todos os seus parentes, até o terceiro grau, para a disputa de qualquer cargo eletivo. Só o irmão Ivo Gomes, atualmente deputado estadual, licenciado para ser secretario de Educação de Fortaleza, pode ser candidato à reeleição. Ivo não pode disputar qualquer outro cargo, por impedimento da legislação.
Pretensos
Ontem, no fim do dia, a assessoria do Palácio da Abolição estava convidando jornalistas para participarem de uma inauguração, no início da noite de hoje, no Município de Limoeiro do Norte, fazendo crer que lá o governador e o seu secretário de Saúde poderiam anunciar se ficam ou saem do governo, para efeito de desincompatibilização.
O governador convocou a todos os pretensos candidatos a participarem do evento em Limoeiro do Norte e, na volta retomarem a conversa iniciada ontem sobre sua renúncia, agora, segundo informações extraoficiais, dependendo da posição a ser tomada pelo vice-governador Domingos Filho.
Se o governador renunciar ao mandato ele terá que encaminhar a carta-renúncia para a Assembleia até o fim do expediente de amanhã. Só depois de conhecida a renúncia pelo Legislativo é que o presidente da Assembleia declarará a vacância, abrindo-se aí o espaço da sucessão que começa com o vice-governador, o presidente da Assembleia, e o presidente do Tribunal de Justiça. A este cabe o dever de convocar a eleição, pela Assembleia, no prazo de 90 dias, do governador que concluirá o mandato dos renunciantes.
No fim da tarde de ontem, no Palácio da Abolição, embora nenhum dos assessores tivessem mais informações a dar sobre as reuniões definidoras do quadro, a sensação que passavam era a de que Cid Gomes realmente estaria deixando o Governo do Estado para permitir que o seu irmão seja candidato ao Senado. Segundo ainda, especulavam, o governador só tratará do assunto com os dirigentes dos demais partidos aliados após acertar dentro do PROS.
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