segunda-feira, 6 de julho de 2015

Sem receita, remédios são comercializados em feiras livres

Flagrou de venda irregular de medicamentos em três feiras livres. Em bancas ou com pessoas circulando, remédios que deveriam ser vendidos apenas com retenção de receita são ofertados indiscriminadamente

Quanto você acha que custa uma cartela de Cloridrato de Tetraciclina? Nas farmácias, o preço médio é R$ 10 e a comercialização acontece somente com retenção da receita pelos estabelecimentos. Em feiras livres de Fortaleza, entretanto, há remédios de toda ordem sendo vendidos. Por módicos R$ 5 é possível comprar uma cartela com 12 comprimidos do antibiótico citado. Sem prescrição médica. Sem parâmetros. Sem qualquer controle ou fiscalização. Basta chegar na banca ou encontrar o ambulante. O POVO visitou três feiras livres da Capital e detectou a mesma situação: remédios de uso restrito, utilizados para tratar doenças graves, são negociados abertamente.
“Vale o gosto do freguês”, descreve um vendedor, que não aparentava ter mais de 16 anos, na Praia do Futuro. Ele e a irmã, também adolescente, eram responsáveis pela banca sortida de remédios. Aos sábados, entre as ruas Professor Murilo da Silveira e Pintor Antônio Bandeira – além dos feirantes negociando hortaliças, queijos e roupas –, há uma banca específica para medicamentos. Em conjunto, cartelas das substâncias Amoxilina, Cefalexina e Cloridrato de Tetraciclina foram adquiridas por R$ 12. Nenhuma prescrição médica foi solicitada no ato da compra. Também não há parâmetro para a aquisição. Pouco importa se vários tipos de antibióticos são procurados. Comprando com variedade é possível até conseguir um bom desconto. “Pode tomar este aí (Cefalexina) junto com Ibuprofeno. Toma por sete dias, de seis em seis horas. Passa todo tipo de doença. É certeiro”, diz uma cliente.
Efeitos colaterais
Ingerir qualquer medicação sem indicação médica é um (grave) risco para a saúde. A Amoxilina, por exemplo, pode causar diarreia, enjoo, erupções cutâneas, urticária, inchaço na face, lábios e língua, falta de ar, respiração ofegante, perda de apetite e febre. A lista de males tem desdobramentos. Mas, para além dos efeitos colaterais, explica Elton Braga, fiscal do Conselho Regional de Farmácia (CRF), a utilização incorreta de antimicrobianos colabora com a formação de bactérias mais resistentes. “Quando é noticiada alguma superbactéria, elas existem pela má utilização ou utilização irresponsável dos antimicrobianos. Eles devem ser dispensados através da retenção de receita médica – para haver controle sobre qual dispensar e por quanto tempo”, afirma.

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