Depois do furto milionário ao Banco Central, em Fortaleza, Antônio Jussivan Alves do Santos, o Alemão, disse que "resolveu se desligar completamente da vida do crime". Estava cansado de fugir e queria administrar seus negócios
Os passos previsíveis de alguns integrantes da quadrilha que furtou o Banco Central (BC) de Fortaleza foram fundamentais para a investigação da Polícia Federal. Após a tomada de assalto da caixa-forte do BC, em agosto de 2005, parte dos 36 envolvidos no planejamento e/ou execução do crime foi deixando rastro de como gastou os milhões recebidos do rateio da empreitada criminosa.
Feito um deles que investiu parte do quinhão na compra de uma casa com piscina, em frente ao mar, no Balneário Tupy, localizado no caro município de Itanhaém, litoral de São Paulo. Em 2011, um dos ladrões do Banco Central pagou R$ 102.220,20 pela residência de veraneio. Confiscado pela justiça, o imóvel foi a leilão sendo arrematado por R$ 194.220,20.
No estado de São Paulo, a equipe do delegado federal Antônio Celso dos Santos, 56, conseguiu por a mão em pelo menos 74 bens que foram comprados com os maços de R$ 50,00 do BC do Ceará.
No município paulista de Bertioga, na Riviera de São Lourenço, outra casa com piscina foi comprada por R$ 366.000,00. Negócio feito pouco tempo depois do mega furto em Fortaleza. Recuperada durante a investigação policial, a residência de 427, 33 metros quadrados foi leiloada por R$ 494.500,00.
Alguns dos integrantes da quadrilha de Antônio Jussivan Alves do Santos, o Alemão, um dos líderes do furto milionário ao BC foram pouco estratégicos no “investimento”. Exemplo assim vem de Boa Viagem, no Ceará. Os bandidos originários de lá, que participaram diretamente das escavações do túnel que chegou à caixa-forte do banco, acabaram comprando bens na própria cidade natal. Movimento que deu na vista e despertou o olho grande.
Em Boa Viagem, a PF recuperou pelo menos sete bens comprados em transações de lavagem do dinheiro furtado. Entre eles, a fazenda Haras Viração Agropecuária com 290 hectares e benfeitorias, na zona rural do município do Sertão Central cearense. Levada a leilão, em 2012, a propriedade foi vendida por R$ 434.880,00. Semelhante foi o caso da fazenda Cabeça de Vaca, no distrito de Bela Aliança, arrematada por R$ 407.400,00.
Os bens de Alemão
Em um interrogatório que Alemão prestou em 2008 ao delegado Antônio Celso, o cearense confessou “que utilizou sua cota-parte para comprar vários bens em Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Brasília e em Goiás”.
Uma das aquisições foi uma casa às margens da represa de Rio Manso, no município de Nobres, no Mato Grosso. Na mesma localidade, adquiriu um sítio.
No Distrito Federal comprou outra casa, na Quadra Norte, no condomínio Riacho Fundo II. Em Goiás, investiu numa fazenda no município de Cocalzinho onde criava carneiros.
Boa parte dos bens de Alemão foi posta nos nomes dos laranjas Antônio Rivaldo de Oliveira Silva e de José Silva Ferreira. Os dois testas de ferro compraram três postos de gasolina em Nova Andradina, no Mato Grosso do Sul, por R$ 1.500.000,00.
Rivaldo e Ferreira administravam o patrimônio de Alemão, tinham direito a um percentual e eram obrigados a prestar conta com o patrão de três em três meses.
No mesmo depoimento, em que Alemão revelou a existência de parte dos bens comprados com o dinheiro do BC, ele afirmou que estava “cansado de permanecer em fuga”. E que, depois do furto milionário no Ceará, “resolveu se desligar completamente da vida do crime”. Alemão, segundo o delegado Antônio Celso, teria recebido mais de R$ 10 milhões. No interrogatório, garantiu que foram R$ 5 milhões.
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