Motivado pelo clima de tensão provocado pela manifestação de servidores do Município, o prefeito Roberto Cláudio quebrou, ontem, o protocolo no retorno das atividades da Câmara Municipal de Fortaleza ao abrir a oportunidade para que os vereadores da Casa fizessem questionamentos após a leitura da mensagem com a prestação de contas do primeiro ano da gestão.
Apesar da maior parte da solenidade ter se concentrado na troca de elogios entre Roberto Cláudio e os vereadores da base aliada, os parlamentares da oposição também aproveitaram o espaço para fazer questionamentos e algumas críticas à atual gestão. Ao todo, 24 vereadores subiram à tribuna para tecerem considerações ao prefeito.
"O ambiente está em ebulição. Esse é um ano eleitoral e é natural que as energias fiquem mais à flor da pele. Tão logo quanto eu leia essa mensagem, proponho abrir a palavra aos vereadores para que quiser fazer qualquer questionamento à minha fala", afirmou o prefeito.
Após o discurso inicial do prefeito, o vereador João Alfredo (PSOL) foi um dos primeiros a subir à tribuna para acusar a gestão de Roberto de ser truculenta. "Não tenho nenhuma pergunta, porque não encaro com naturalidade ver servidores sendo recebidos por spray de pimenta e por bombas de gás. A Mesa de Negociação é uma encenação e lamento que tenhamos vivido esse momento vergonhoso", reclamou o vereador.
Encenações
Roberto Cláudio não evitou responder e acusou o parlamentar de ser o "mestre das encenações" e ao defender que era contraditório ver os mesmos vereadores que votaram contra o aumento do IPTU (Imposto sobre a Propriedade Territorial Urbana) quererem um reajuste maior do que a inflação.
"Os mesmos que hoje apoiam um reajuste maior aos servidores votaram contra o aumento de um imposto que nos ajudará a aumentar a receita do Município. A política tem que ser feita com transparência. Assumo minhas posições e o desgaste que vêm com elas. As pessoas não aguentam mais demagogia", ressaltou Roberto Cláudio ao também criticar o vereador João Alfredo por não ter ficado no plenário para ouvir a resposta.
Já a vereadora Toinha Rocha (PSOL) reclamou da situação no Instituto Dr. José Frota (IJF) ao revelar que, no último sábado, foi ao hospital acompanhar uma pessoa que precisava ser submetida a um exame de tomografia, mas nenhum dos três aparelhos disponíveis na unidade estavam em funcionamento. "Conseguiram tanto dinheiro para o Delúbio e Genoíno. Vamos fazer uma vaquinha também para comprar um tomógrafo para o IJF", ironizou a parlamentar.
Roberto Cláudio reconheceu o problema com os tomógrafos, mas garantiu que, dos três aparelhos, um já estava em funcionamento desde ontem e mais dois estavam em processo de compra. Quanto à fila de pacientes nos corredores, o prefeito comparou com a situação encontrada no início do ano para justificar que a Prefeitura estava conseguindo combater o problema.
"No início do ano, o atendimento diário nos corredores do IJF era de 180 pacientes. Nós reduzimos essa média para 40. Seria bom não ter nenhum, mas em um ano, nós revertemos essa situação e Alexandre Padilha (ex-ministro da Saúde) reconheceu nosso esforço em público. A realidade é dura, mas muito melhor do que a encontrada janeiro de 2013", rebateu o prefeito.
Apesar das críticas feitas por Roberto Cláudio ao legado deixado pela antiga gestão, os petistas Ronivaldo Maia e Deodato Ramalho não utilizaram a tribuna para defender a ex-prefeita Luizianne Lins, mas não deixaram de fazer críticas à atual gestão.
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