O flagrante foi feito pela Polícia Civil próximo a agência bancária. Defesa fala em "erro de interpretação"
O vereador Antonio Farias de Souza, conhecido como “A Onde É” (PTC), foi preso em flagrante na tarde de ontem por agentes da Polícia Civil. A detenção ocorreu no instante em que ele recebia a quantia de R$ 1,9 mil de um de seus assessores, conforme informou a Polícia.
Segundo a delegada Socorro Portela, titular da 2º Distrito Policial, o funcionário acusou A Onde É de exigir a entrega do dinheiro, que correspondia ao valor de todo o seu salário. A delegada afirma que a prática já estava em seu segundo mês. Isso, segundo ela, configura crime de concussão. No carro do vereador ainda foram encontrados, segundo a Polícia, a quantia de R$ 6.291, além de material de campanha.
De acordo com policiais, a detenção ocorreu por volta de meio-dia, nas proximidades da agência do Banco do Brasil da av. Monsenhor Tabosa. A delegada afirma que o vereador aparentava estar atordoado, como se, segundo opinou a responsável pelo flagrante, estivesse sendo traído.
Batalha de versões
Para o advogado Leandro Vasques, defensor de A Onde É, a situação se deve a “erro de interpretação”. De acordo com ele, o assessor e um amigo em comum entre ele e o parlamentar foram à agência para que o assessor emprestasse a esse amigo cerca de R$ 1 mil. O dinheiro seria usado para a retirada de uma moto, que estaria retida. A Onde É estaria lá só por ser amigo dos dois.
Nenhum valor o teria como destinatário, disse o advogado. Sobre a abordagem policial, o vereador teria mesmo pensado que se tratava de assalto.
Para Vasques, o flagrante teve como pano de fundo outro processo em que o vereador responde à acusação da Procuradoria dos Crimes contra a Administração Pública (Procap) por suposto desvio de verba parlamentar. Vasques acusa o Ministério Público de pedir o monitoramento do vereador em busca de algo que justificasse sua prisão, já que, segundo o defensor, a Procap estaria investigando o parlamentar de forma ilegal. Representantes do Ministério Público negaram as acusações.
Como o crime a que o candidato responde tem pena máxima superior a quatro anos, não cabe direito à fiança. Segundo a delegada, a Constituição Federal também não prevê foro privilegiado a vereadores, devendo, portanto, A Onde É ser julgado pela Justiça comum.
Procurado pelo O POVO no início da noite de ontem para comentar as medidas que serão tomadas pela Câmara Municipal com a prisão de um de seus integrantes, Walter Cavalcante (PMDB), presidente da Casa, afirmou que ainda não havia tomado conhecimento da detenção de A Onde É. Ele pediu para que a reportagem entrasse em contato mais tarde. O vereador não mais atendeu às chamadas até o fechamento desta reportagem.
Saiba mais
Concussão
A Lei define concussão prática de funcionário público “exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida”.
Prática comum
De acordo com a delegada responsável pelo flagrante, a prática do crime é, aparentemente, bastante comum pelo Brasil. E os vereadores são personagens frequentes nos casos.
Ditadura
O advogado de A Onde É não foi econômico em relação ao Ministério Público. As acusações foram chamadas de “pinoquianas”, a investigação de “ilegais” e o flagrante de “grande picadeiro”