Atrás apenas de Vitória, com 54%, a Capital cearense é a segunda com maior redução da porcentagem em pesquisa nacional. Homens são os que mais assumem hábito de combinar álcool e direção
De 1.518 adultos entrevistados em Fortaleza, 4% admitem dirigir após ingerir bebida alcoólica. O dado é da pesquisa Vigitel 2014, do Ministério da Saúde, que monitora fatores de riscos à saúde nas capitais brasileiras. Em 2012, os dados da mesma pesquisa eram de 7,2% pessoas com este comportamento na Capital. A redução foi de 44%, a segunda maior nas capitais brasileiras. São os homens que mais persistem no hábito: 6,8% deles responderam que ainda dirigem sob efeito do álcool. O percentual das mulheres com este hábito é de 1,7%. Hoje, a Lei Seca completa sete anos.
O resultado é atribuído à rigidez na fiscalização da Lei Seca e trabalhos de conscientização sobre o tema, de acordo com Antônio Carlos Nardi, secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde. “Mudança de comportamento é sempre mais difícil conseguir. Ajuda quando afeta no bolso”, afirma. Como os homens ainda constituem grupo de risco, o desafio é informar o público masculino e conscientizar também as famílias para que ajudem no combate ao hábito.
Ainda conforme Nardi, as campanhas são intersetoriais, envolvendo os ministérios da Justiça, da Saúde e os órgãos de trânsito. As estratégias resultam na redução da mortalidade e na diminuição dos gastos com acidentados do trânsito. Conforme dados do ministério, o número de óbitos por acidentes caiu de 44,8 mil para 42,2 mil entre 2012 e 2013.
Os números ainda são preocupantes, com mais de 40 mil mortes ao ano, alerta a pesquisadora em Mobilidade Urbana e professora do curso de Psicologia da Universidade Federal do Ceará (UFC), Gislene Macêdo. Para ela, os dados de redução na combinação de álcool e direção não garantem que a população esteja mais lúcida diante do problema, pois ressalta que pode também haver maior número de transgressões. “E se não houvesse a Lei Seca? Manteríamos como sociedade o hábito insano de beber e dirigir?”, questiona.
Mudança nos hábitos
O administrador Elton Ferreira, 29, prefere entregar a direção do carro à namorada quando sai no fim de semana e ingere bebida alcoólica. Mesmo sem nunca ter sido parado nas blitze de fiscalização, a mudança nos hábitos é para evitar os riscos - de multa e de acidentes. Ele reconhece a importância da prevenção, mas considera injusta a legislação atual. “O nível de álcool permitido é muito restrito. Quem bebe um pouco de vinho no almoço ainda pode ser multado à noite”, exemplifica.
A tolerância é de 0,34 miligramas de álcool por litro de ar expelido pelo condutor. Como cada corpo tem respostas diferentes ao álcool, a dica é esperar para dirigir 24 horas depois de beber, conforme aconselha o inspetor Alexsandro Batista, chefe do Departamento de Comunicação Social da Polícia Rodoviária Federal no Ceará (PRF).
Lei Seca
Em 2008, a lei 11.705 (conhecida como Lei Seca) acrescentou ao Código de Trânsito Brasileiro a previsão do teor alcoólico necessário para caracterizar a infração.
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