Pela regra aprovada, as aposentadorias seriam reajustas pelas mesmas regras aplicadas ao salário mínimo. Votação colocou do mesmo lado adversários históricos, como os deputados Luizianne Lins e Moroni Torgan
A bancada cearense na Câmara Federal se dividiu na votação da Medida Provisória 672/15, que estende as regras do reajuste do salário mínimo para as aposentadorias. O valor é calculado pela soma da variação da inflação (INPC) e do Produto Interno Bruto (PIB). A regra, proposta por Arthur Oliveira (SD) foi aprovada por 206 votos a 179. Entre os cearenses, foram nove votos favoráveis e sete votos contrários.
Entre os votos favoráveis, alguns tem destaque. Um deles, o da ex-prefeita Luizianne Lins (PT). Ela já havia contrariado o governo na votação da MP 665, que restringia direitos trabalhistas. Na época, a deputada argumentou que não votaria “com os inimigos do PT e do Governo” mesmo sendo contra o teor do projeto. Entre os petistas, apenas ela e mais dois - Wadih Damous (RJ)e Weliton Prado (MG) - foram favoráveis à emenda votada ontem. A votação colocou do mesmo lado a ex-prefeita e um de seus adversários históricos, Moroni Torgan (DEM).
Na bancada no PCdoB, apenas o cearense Chico Lopes apoiou a medida. O parlamentar, tradicionalmente, acompanha a orientação da liderança comunista ao determinar seu voto.
O posicionamento do parlamentar, no entanto, foi de equívoco. Ele afirmou ao O POVO que votou de forma errada. “Eu segui a orientação do partido (que era a favor do governo) e me enganei”, disse.
O deputado André Figueiredo (PDT), do partido que faz parte da base aliada do governo, também votou a favor da medida. Ele justifica o posicionamento afirmando que a MP “corrige uma injustiça histórica com os aposentados do Brasil”. O deputado afirma que está aberto ao diálogo com o governo para nova proposta intermediária.
“Passou dos limites”
Responsável pelas maiores derrotas legislativas ao governo Dilma Rousseff neste ano, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), afirmou ontem que a Casa “passou dos limites” e colocou o ajuste fiscal em risco ao aprovar na véspera um reajuste maior a aposentados e pensionistas.
“Essa medida de ontem (quarta) passou dos limites. Essa aprovação realmente causa um prejuízo ao país, foi feita de forma equivocada. (...) É bom que se chame à consciência de que tudo tem um limite”, afirmou.”Ontem se chegou a um limite daquilo que não deve ser feito”, disse o presidente da Câmara. (O POVO Online, com agências de notícias)